As coisas são esquecidas, mas não perdidas...

Tenho aprendido muito nos últimos tempos com as novas experiências pelas quais venho passando. Sempre fui muito iludida durante toda a minha juventude, iludido no sentido de ousar sonhar, me deixar levar pelos sentimentos. Considero que me iludi, pois me deixar levar pelos meus instintos e vontades nunca me trouxe nada de muito bom. Eu era muito autêntica, me entregava de corpo e alma ao sentimento e na maioria das vezes não era correspondida. Não falo de namoro, falo de carinho, amizade, fraternidade, de amor.
Com o passar dos anos fui perdendo a ilusão, me fechando. Afinal, pra que me doar tanto se ao final era tudo vazio? Então desaprendi a sonhar, desaprendi a sentir, tudo passou a ser meio forçado da minha parte. Não falsa, forçada. Acabei então ficando com medo de voar, não importa a situação eu estou sempre procurando manter os pés no chão, ver o lado racional e sério de tudo, não mais me deixando levar. Acho isso válido, afinal a vida não é um filme, um conto de fadas ao um livro de amor onde tudo acaba sempre bem, então se manter consciente da realidade ajuda muito, mas vejo agora que levei isso a níveis altos e o quanto isso está me prejudicando
Uma amiga me disse uma vez que para resistir aos sofrimentos da vida eu deveria criar uma casca dura, uma carapaça pra impedir que as coisas me machucassem tanto. Sinto que acabei levando isso muito ao pé da letra e criei uma carapaça grossa demais, ao ponto de bloquear as coisas que me machucam, mas também as coisas que viriam a ser para o meu benefício. Ao que parece não criei uma casca pra ter força, mas por ter medo, medo de sentir.
Mas voltando às minhas lições, tenho percebido que minha "desesperança", se é que pode ser chamada assim, pode facilmente machucar outras pessoas caso eu não consiga achar um equilíbrio entre meu lado lógico e meu lado sentimental. Tenho tanto medo de me iludir que acabo querendo matar os sonhos e ilusões dos outros também, muitas vezes me pego tentando "cortar minhas asas", impedindo-me de entregar aos sentimentos.
Vocês já pararam para pensar na própria vida? Em como ela é hoje e em como talvez ela fosse completamente diferente se certas coisas na sua vida não tivessem acontecido? Se numa determinada época de sua vida, aquele determinado fato tivesse acontecido de outra maneira, como isso afetaria hoje a sua vida?
Eu muitas vezes, paro, penso e me revolto um pouco, pensando em como eu seria uma pessoa diferente hoje em termos de personalidade, se tivesse feito certas escolhas na vida ou mesmo se, algumas das coisas que me aconteceram não tivessem acontecido. Mas elas aconteceram! E dói tanto e é tão frustrante pensar que não se pode mudar o que aconteceu. O que aconteceu, aconteceu e não tem volta. É fato consumado. E as vezes eu amaldiçôo tanto certos momentos da minha vida. Penso em por que essas coisas tiveram que acontecer e em como eu queria que tudo tivesse tomado um rumo diferente. Pergunto-me em que momento eu perdi as rédeas da minha vida. Eu não percebi.
As vezes penso que a pessoa que eu fui, a pessoa que eu queria voltar a ser, está perdida há tempos e para sempre. Penso em como eu me comportava e em como eu tinha mais prazer na vida, esperanças e os sonhos pareciam fáceis de concretizar. As vezes as coisas que eu vivi no passado, a pessoa que eu era, parece ser uma outra vida. Um outro Fábio há muito deixado pra traz e que não faz mais parte de minha personalidade hoje.
Porém eu paro e penso: fatos do passado são imutáveis. São fatos concretos. Contudo sentimentos e sensações são estéreos. Personalidades não desaparecem, apenas são moldadas. É a lei da natureza. Nada, NADA se perde. Tudo se transforma. Aquela pessoa que você já foi um dia, aquela da qual você sente tanta falta de ser novamente não desapareceu.
Apenas esquecemos em algum canto. Mas coisas esquecidas podem ser lembradas, limpas e usadas novamente. Hoje talvez tenhamos que vivenciá-las de um modo diferente, com pessoas diferentes. Mas a essência ainda é a mesma
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