minhas músicas

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

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Uma das coisas que gosto, quando a preguiça de fazer algo útil me abraça, é espiar os motivos que levam as pessoas a visitarem meus blog



                                   Paz


.
Ela veio nas asas de um pássaro.

Floco de algodão e nuvem,
pairou por um instante
sobre um pensamento
como quem flutua
sobre o vento.

Dançou círculos no ar
numa leveza de essência,
ornou-se de alvura e luz
e enterneceu as horas.

Então pousou,
suave e silenciosamente,
sobre um fôlego do tempo.

Paz.



   

          Aliados












...Então andamos de mãos dadas, naquelas estradas que um dia trilhamos em sonho.

Caminhamos jardins, colhemos flores e sorrisos e perfumamos de primavera todas as tardes de outono.

Banhamos de sol nossos medos e segredos e encantamos nossos olhares que se encontraram em promessas muito maiores do que todos os nossos tempos puderam imaginar e muito mais próximas do que todas as nossas distâncias teimaram ser.

E por quantas vezes nos vimos a colher estrelas e contá-las, fazendo-as nossas, infinitas e eternas.

...Então andamos de mãos dadas, acima de todas as nuvens. E sem temer as tempestades abaixo delas, nos fizemos felizes.
   

   
      Eu sei, talvez...
.
É lenta a força que me leva adiante a tentar desfazer os dias, as palavras e os gestos, a desejar não me ferir mais uma vez nessa esperança em ruínas, a tentar esquecer de vez o custo, o peso e a agonia desse meu passo cansado de percorrer o amor de forma tão sincera, cuidadosa e vulnerável.
.
Mesmo assim insisto e vou, a disfarçar os tropeços e a tentar não me deixar abater pela certeza de que sempre haverá o espanto, a brisa fria das verdades tecidas, a propositada investida das vozes agudas a emudecer a minha e a espraiada ironia dos risos fáceis a apagar o meu.

(Se ao menos eu pudesse derramar sobre a razão, gota a gota, essa sensação que me faz covas no peito, talvez conseguisse, ainda uma vez, desenterrar a alma.)

Eu sei, talvez, que como o tempo, tudo passa.

Eu sei, talvez, que é só por hora que permaneço aqui, na estridência desse silêncio, a desviar os olhos dessa clareza cortante, a fingir que há um lugar onde os instantes se apagam e toda a memória adormece.

Mas e a dor, como se esquece?
 
                          Passado

.
Do que eu diria ao passado já se apagaram os pormenores.
E talvez nada tenha a dizer.
Até porque algumas palavras já se tornaram
só um borrado indecifrável, como pensamentos articulados
pateticamente numa carta antiga que alguma coisa molhou
e o tempo se encarregou de secar.
.
Houve um tempo em que até diria
                                                             [ao passado]

que ele não se deu conta de coisas importantes.
Não cuidou de lealdades, de trocas justas.
Escolheu facilidades, superficialidades,
emoções fúteis e disponibilidades.
Não valorizou dedicações
e fez pouco caso de sentimentos e sinceridades.
Até diria que seu engano maior foi menosprezar razões,
subestimar inteligências
e acreditar demais em si e no que julgou perenidade.Mas corre o tempo e tudo muda.
E há dias aos quais não se deseja voltar.
.
O que tenho a dizer
                                                             [ao presente]

é tudo o que agora importa.


Já era hora de ser assim.

Já era hora de sorrisos e mãos dadas.
De falar sobre a maciez das coisas.
De ver claro e de frente, sem a luz ferir os olhos.
De caminhar suavemente pelas emoções,
sem raivas e sustos,
sem ironias escondidas em cantos escurecidos.
De fazer planos e esperanças,
de partilhar confianças e verdades.
.

Já era hora de percorrer

                                                                    [o futuro]


como um caminho largo de amor e vida.

E de abraçar as felicidades que me fazem virar as costas,
tranquila e silenciosamente, àquela sombra que deixei pra trás.

Ao presente, dou certezas.
Ao futuro, mãos estendidas.
E ao passado, indiferenças e silêncios.
Que é onde cabe tudo o que não precisa ser dito.


                                     Hoje

O relógio do lado, o acordar demorado, a preguiça, a coberta, a cortina entreaberta, molhada a vidraça, a rua e a praça, as nuvens ao léu, o cinza do céu, suave garoa, a brisa tão boa, a cor do jardim, a gota, o jasmim, a hora acordando, a vida chamando, o tempo bem-vindo, o dia, que mesmo chovendo, parece tão lindo!
(Um pensamento florido, um olhar comovido. Porque existem coisas com tanto sentido?)
 
 

E depois...



Quando a vida passar, eu vou poder dizer que tentei.

Tantas vezes que até me esqueço.

Vou poder dizer que coloquei,

em cada tentativa,
todas as primaveras possíveis.

E se, no final,

eu não chegar com os braços e o olhar floridos,
vou lembrar que meu coração cultivou jardins.

E vou sorrir,

ao sentir o aroma que ficou nas mãos.
 

Definitivamente...


A minha memória é como um dia de chuva.
Se há uma rua deserta e gotas na vidraça embaçada,
há também o riso puro,
a alegria a escorrer na face
e a emoção criança,
em sua eterna teimosia de querer brincar no tempo...
 
      suzy loureriro fragoso


    

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