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domingo, 5 de junho de 2011

  O QUE CUSTA SER O MELHOR
                                          

  •  Para que um bom aluno se tome ou se mantenha como um excelente aluno, salvo se existir da sua parte uma facilidade pouco comum, isso custa-lhe:
  • - trabalho, logo, tempo e energia subtraídos a outras actividades;
  • - stress, angústia;
  • - novas exigências ("Pode fazer melhor!");
  • - um contrato implícito (não descer, não ludibriar professores e pais);
  • - tensões possíveis com uma parte dos colegas;
  • - uma fidelidade incondicional para com as exigências da escola;
  • - uma habituação ao primeiro lugar, com o receio de o perder.
  • Por vezes, o custo é mais dramático: condutas obsessivas, crises de angústia, tensões psicológicas destrutivas, enclausuramento no papel de bom aluno, riscos de depressão. A vontade de ser o melhor pode conduzir o aluno a sofrer da "síndroma japonesa", ou até a uma forma de patologia ou de alienação mental do foro da psicologia clínica. Nesses casos, torna-se evidente que o custo é desproporcionado. Mas não se deve generalizar: pode-se ser o primeiro da turma sem vender a alma ao diabo nem arruinar a saúde, o que não significa que dê a mecha para o sebo! Num concurso ou num exame muito selectivo, apenas entram os melhores. Mas nas escolas de hoje, no grau de escolaridade seguinte, ou, em cursos difíceis, admitem-se muitas vezes alunos medíocres. Para quê, então, ser o primeiro?
  • Cada um é livre de apreciar se a glória e as recompensas equilibram o custo da operação. Desejamos apenas que, neste assunto, nenhum aluno seja prisioneiro das ambições e dos fantasmas dos pais, e que lhe concedam a liberdade de aquilatar os prós e os contras da situação. Certamente que há crianças e adolescentes para quem a admiração dos outros justifica importantes sacrifícios. Porquê, e em nome de que norma, recusar a quem quer que seja o direito de renunciar a lazeres e a liberdades para chegar a ser o melhor? De acordo com a sua própria filosofia a respeito do sucesso e da existência, cada um apreciará de forma diversa o sentido de uma corrida com a mira nos troféus. Para o sábio que vive desprendidamente, o sucesso social é um espelho enganador que deturpa o essencial. Pelo contrário, o gestor ou o desportista de alta comretição não concebem que se possa viver sem competir ou limitando as suas ambições. As crianças e os adolescentes herdam, desde cedo, estes valores, mas o importante é que possam vir a abandoná-los, caso não lhes convenham.
  • É ainda necessário não confundir busca de honrarias com eficácia pedagógica. Nada permite afirmar que os "melhores" da turma sejam sensivelmente mais inteligentes ou mais instruídos que os restantes bons alunos. Alguns são-no e tornam-se primeiros sem esforço, "para além do previsto". Em compensação, os que querem ser primeiros nem sempre conseguem atingir um nível mais elevado de desenvolvimento ou de conhecimento, e isto por duas razões que têm a ver com a fabricação das notas e com a natureza do sucesso escolar                                                                                               
  • (Às vezes choro sem niguém ver. Às vezes desisto. Às vezes morro por dentro. Morro por fora. Às vezes o mundo pesa tanto, pesa tanto. Às vezes apetece-me gritar. Às vezes grito. Alguém me ouve? Alguém nos ouve? )
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