Só há um modo de escapar de um lugar: é sairmos de nós...
Só há um modo de sairmos de nós : é amar-mos alguém.
Mia Couto ...

“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes
acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em
narrativa. Quando o visitante sentou na areia da praia e disse: 'Não há
mais o que ver', saiba que não era assim. O fim de uma
viagem
é apenas o começo de outra. É preciso ver o que não foi visto, ver
outra vez o que se viu já, ver na primavera o que se vira no verão, ver
de dia o que se viu de noite, com o sol onde primeiramente a chuva caía,
ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra
que aqui não estava”.
José Saramago
José Saramago

Mas é que a verdade nunca me fez sentido. A verdade não me faz sentido!
É por isso que eu a temia e a temo. Desamparada, eu te entrego tudo - para que
faças disso uma coisa alegre. Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se
eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
A verdade não faz sentido, a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que
provavelmente pedi e finalmente tive, veio, no entanto me deixar carente como
uma criança que anda sozinha pela terra. Tão carente que só o amor de todo o
universo por mim poderia me consolar e me cumular, só um tal amor que a própria
célula-ovo das coisas vibrasse com o que estou chamando de um amor. Daquilo a
que na verdade apenas chamo mas sem saber-lhe o nome.
paixão
É por isso que eu a temia e a temo. Desamparada, eu te entrego tudo - para que
faças disso uma coisa alegre. Por te falar eu te assustarei e te perderei? mas se
eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.
A verdade não faz sentido, a grandeza do mundo me encolhe. Aquilo que
provavelmente pedi e finalmente tive, veio, no entanto me deixar carente como
uma criança que anda sozinha pela terra. Tão carente que só o amor de todo o
universo por mim poderia me consolar e me cumular, só um tal amor que a própria
célula-ovo das coisas vibrasse com o que estou chamando de um amor. Daquilo a
que na verdade apenas chamo mas sem saber-lhe o nome.
paixão

"Solidão? O que acontece é que a gente procura
os outros para se livrar de si mesma. A intolerável companhia que eu me
faço. Preciso dos outros para não chegar àquele ponto altamente
intolerável do encontro comigo. Eu sou exatamente: zero. E tanto se me
dá. Conselho: fique de vez em quando sozinho, senão você será
submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.'
“A vida desperta pelos contrastes e diferenças, pela dureza e coragem de viver”.
Encarar a vida pela frente... Sempre...
Encarar a vida pela frente, e vê-la como ela é... Por fim, entendê-la e
amá-la pelo que ela é... E depois deixá-la seguir... Sempre os anos
entre nós, sempre os anos... Sempre o amor... Sempre a razão... Sempre o
tempo... Sempre... As horas.
Minha vida foi roubada de mim. Vivo uma vida que não queria”.
Eu estou vivendo em uma cidade que eu não tenho nenhum desejo de viver dentro .. Eu estou vivendo uma vida...Você vive com a ameaça, você me diz que viver com a ameaça da minha extinção.... eu luto sozinho no escuro, no escuro profundo, e que só eu posso saber. Só eu posso entender a minha condição....
Virginia Woolf
Filme As horas
Faz você repensar muito sobre sua vida...todos temos anseio de vida cabe a nós ...procurar esse caminho..
o que faz vc realmente feliz?
”Não se pode ter paz evitando a vida”.
Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Minha vida foi roubada de mim. Vivo uma vida que não queria”.
Eu estou vivendo em uma cidade que eu não tenho nenhum desejo de viver dentro .. Eu estou vivendo uma vida...Você vive com a ameaça, você me diz que viver com a ameaça da minha extinção.... eu luto sozinho no escuro, no escuro profundo, e que só eu posso saber. Só eu posso entender a minha condição....
Virginia Woolf
Filme As horas
Faz você repensar muito sobre sua vida...todos temos anseio de vida cabe a nós ...procurar esse caminho..
o que faz vc realmente feliz?
”Não se pode ter paz evitando a vida”.
“- Pois eu mudava e mudava; fui Hamlet, fui Shelley, fui o herói cujo
nome agora esqueço, de um romance de Dostoievski, fui
inacreditavelmente, por todo um longo período escolar Napoleão; mas fui
principalmente Byron.”
...e lá do fundo de si mesma, após uma momento de silêncio e abandono...Chamo por vós...
Então começou a pensar que na verdade rezara. Ela não. Alguma coisa mais
do que ela, de que já não tinha consciência, rezara. Mas não queria
orar, repetiu-se mais uma vez fracamente. Não queria porque sabia que
esse seria o remédio. Mas um remédio como a morfina que adormece
qualquer espécie de dor. Como a morfina de que se precisa cada vez mais
de maiores doses para senti-la. Não, ainda não estava tão esgotada que
desejasse covardemente rezar em vez de descobrir a dor, de sofrê-la, de
possuí-la integralmente para conhecer todos os seus mistérios. E mesmo
se rezasse... Terminaria num convento, porque para sua fome quase toda a
morfina seria pouca. E isto seria a degradação final, o vício. No
entanto, por um caminho natural, se não buscasse um Deus exterior
terminaria por endeusar-se, por explorar sua própria dor, amando seu
passado, buscando refúgio e calor em seus próprios pensamentos, então já
nascidos com uma vontade de obra de arte e depois servindo de alimento
velho nos períodos estéreis. Havia o perigo de se estabelecer no
sofrimento e organizar-se dentro dele, o que seria um vício também e um
calmante.
O que fazer então? O que fazer para interromper aquele caminho, conceder-se um intervalo entre ela e ela mesma, para mais tarde poder reencontrar-se sem perigo, nova e pura?...O que fazer?
O piano foi atacado deliberadamente em escalas fortes e uniformes. Exercícios, pensou. Exercícios... Sim, descobriu divertida... Por que não? Por que não tentar amar?
Por que não tentar viver?
O que fazer então? O que fazer para interromper aquele caminho, conceder-se um intervalo entre ela e ela mesma, para mais tarde poder reencontrar-se sem perigo, nova e pura?...O que fazer?
O piano foi atacado deliberadamente em escalas fortes e uniformes. Exercícios, pensou. Exercícios... Sim, descobriu divertida... Por que não? Por que não tentar amar?
Por que não tentar viver?
Perfeição ...
Vamos celebrar
A estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja
De assassinos
Covardes, estupradores
E ladrões...
Vamos celebrar
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
A estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação...
Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião...
Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade...
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta
De hospitais...
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras
E seqüestros...
Nosso castelo
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
De cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia
E toda a afetação
Todo roubo e toda indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã...
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar o coração...
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Nosso passado
De absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos
O hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
Comemorar a nossa solidão...
Vamos festejar a inveja
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
A intolerância
A incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente
A vida inteira
E agora não tem mais
Direito a nada...
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
De toda a nossa falta
De bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isto
Com festa, velório e caixão
Tá tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou
Essa canção...
Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!...
Rimbaud..
Eternidade...
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.
Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...
— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.
Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Minha alma imortal,
Cumpre a tua jura
Seja o sol estival
Ou a noite pura.
Pois tu me liberas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos!
Tu voas então...
— Jamais a esperança.
Sem movimento.
Ciência e paciência,
O suplício é lento.
Que venha a manhã,
Com brasas de satã,
O dever
É vosso ardor.
Ela foi encontrada!
Quem? A eternidade.
É o mar misturado
Ao sol.
Escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível.
Fixava vertigens.
Criei todas as festas, todos os triunfos, todos os dramas.
Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novos idiomas.
Fixava vertigens.
Criei todas as festas, todos os triunfos, todos os dramas.
Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novos idiomas.
De manhã, eu tinha o olhar tão perdido e a postura tão morta, que aqueles que encontrei talvez não me vissem.
Coisas que existem, outras que apenas estão...
A
chuva e as estrelas essa mistura fria e densa me acordou, abriu as
portas do meu bosque verde e sombrio, desse bosque com cheiro de abismo
onde corre a água. E uni-o a noite. aqui junto a janela, o ar é mais
calmo. Estrelas, estrelas, rezo...
...Porque não vem a chuva dentro de mim, eu quero ser a estrela.
Mergulho depois emerjo,
como de nuvens, das terras ainda não possíveis, ah ainda não possíveis.
Daquelas que eu ainda não soube imaginar, mais que brotarão. ando
deslizo, continuo ... continuo... Sempre sem parar, distraindo minha
sede cansada de pousa num fim..
...O que importa afinal: viver ou saber que está vivendo!
Tudo que possuo está muito fundo dentro de mim
Perto do coração selvagem
Se
eu desse um grito...imagino já sem lucidez..minha voz receberia o eco
igual e indiferente das paredes da terra. Sem viver coisas que eu não
encontrei a vida, pois? Mas mesmo assim na solitude branca e limitada
onde caio, ainda estou presa entre montanhas fechadas. Presa...presa.
Onde está a imaginação? Ando sobre trilhos invisíveis. Prisão, liberdade
são essas as palavras que ocorrem. No entanto não são as verdadeiras,
únicas e insubstituiveis, sinto-o. Liberdade é pouco o que eu desejo ainda não tem nome.
sou pois um brinquedo a quem me dão corda e que terminada esta não encontrará vida própria, mais profunda. Procurar tranqüilamente
admitir que talvez só a encontre se for buscá-la nas fontes pequenas.
Ou morrerei de sede.Talvez não tenha sido feita para águas puras e
largas , mas para pequenas e de fácil acesso. E talvez meu desejo de
outra fonte, essa ânsia que me dá no rosto um ar de quem caça pra se
alimentar, talvez essa ânsia seja uma idéia nada mais..Porém os raros
instantes que às vezes consigo de suficiência, de vida cega, de alegria
tão intensa e tão serena como o canto de um órgão...esses instantes não
provam que eu sou capaz de satisfazer minha busca e que esta sede de
todo meu ser e não apenas uma idéia? Além do mais a idéia é a verdade!!!
Perto do coração selvagem
“…
não haverá nenhum espaço dentro de mim para eu saber que existe o
tempo, os homens, as dimensões, não haverá nenhum espaço dentro de mim
para notar sequer que estarei criando instante por instante, não
instante por instante: sempre fundido, porque então viverei, só então
viverei maior do que na infância, serei brutal e malfeita como uma
pedra, serei leve e vaga como o que se sente e não se entende, me
ultrapassarei em ondas, ah, Deus, e que tudo venha e caia sobre mim,
até a incompreensão de mim mesma em certos momentos brancos porque
basta me cumprir e então nada impedirá meu caminho até a
morte-sem-medo, de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela
como um cavalo novo.”
O nó na minha garganta vai diminuindo. Palavras juntam-se, grudam-se,
atropelam-se umas por cima das outras. Não importa quais sejam.
Empurram-se e trepam uma nos ombros das outras. As isoladas, as
solitárias acasalam-se, cambaleiam, multiplicam-se. Não importa o que
digo. Como um pássaro a esvoaçar, uma frase cruza o espaço vazio entre
nós. Pousa nos lábios dele.
Do livro As Ondas - Virginia Woolf
Quando
for grande, andarei sempre com um bloco de notas, um bloco bastante
grande e com muitas páginas, todas metodicamente organizadas por ordem
alfabética. Tomarei nota de todas as frases. Na letra B colocarei «pó de
borboleta».
Virginia Wool, As Ondas.
Virginia Wool, As Ondas.
Este
é o nosso mundo, iluminado por meias- luas e estrelas luzentes, e
grandes pétalas semi transparentes fecham as aberturas como janelas
roxas...tudo é estranho. As coisas são imensas e diminutas.. Os caules
das flores são grossos como carvalhos. Folhas altas como cúpula de
vastas catedrais.....somos gigantes aqui deitados, capazes de fazer com
que tremam as florestas... do livro As Ondas - Virginia Woolf
.."Não
somos gotas de chuva logo secas pelo vento; fazemos jardins rebentar e
florestas bramir; nascemos diferentes por toda eternidade"....Virginia
Woolf
O sol nasce e se põe e, em paralelo ao seu trajeto, nasce e se põe também a vida humana, a cada dia, a cada suspiro, a cada convicção jogada fora.
Consome-me, carregue-me até o limite mais distante..
O sol nasce e se põe e, em paralelo ao seu trajeto, nasce e se põe também a vida humana, a cada dia, a cada suspiro, a cada convicção jogada fora.
Consome-me, carregue-me até o limite mais distante..
Nenhum comentário:
Postar um comentário