minhas músicas

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

SUZYYYYYYYY

A ditadura filial

Quando nascem, as crianças têm seus pais como provedores de tudo – de comida, carinho, conforto, cuidados. Passam os anos, a independência chega a conta-gotas, mas de forma definitiva. Aprendem a falar, a ir ao banheiro sozinhas, a tomar banho, a ler, a se comunicar com o mundo. Chega a adolescência, a faculdade, o trabalho: viram adultos. Durante esse período, os pais fizeram tudo que podem, tanto do ponto de vista material, quanto emocional.

Acostumados a isso, os filhos não compreendem que esse papel de tutores que os pais cumprem tem um começo, um meio e um fim. O título de parentesco, é claro, será referência sempre mantida com muito carinho. Porém, um ser humano que realmente deseja evoluir, se emancipar e se responsabilizar pelos próprios atos, precisa ir além e perceber que – chegadas a emancipação e a maturidade – os pais, os tutores disponíveis de toda hora, tornam-se companheiros, irmãos na jornada da vida.

Ontem, ao ler uma página do livro “Nosso Lar”, encontrei frase ressonante que diz: “Na Terra, quase sempre, as mães não passam de escravas, no conceito dos filhos. Raros lhes entendem a dedicação antes de as perder”. Quando temos nossos próprios filhos, conseguimos compreender essa afirmativa numa outra dimensão. Costumamos projetar e esperar de nossos pais tanta perfeição, tanta presença, lançar sobre eles tantas expectativas que, alguém com um olhar mais atento poderia rotular esse processo facilmente de “ditadura filial”. Mas, quando enfim somos nós próprios os pais, vivenciamos o outro lado da moeda de passarmos a ser idealizados, exigidos e cobrados. Por muitos anos, essa postura se justifica dadas as necessidades da infância e da adolescência. Mas não se justifica para sempre. Não mesmo.

Queremos fazer o melhor pelos nossos filhos sempre, mas nos deparamos com nossa humanidade, com o cansaço e as tantas impossibilidades de agir e sentir da forma que gostaríamos. Aí, nessas horas, redimensionamos todas as expectativas idealistas que tínhamos sobre nossos pais, os humanizamos e os percebemos como mais um de nós – simplesmente um ser que está nesse planeta tal e qual qualquer pessoa com a finalidade de experimentar, acertar, errar, cair, levantar, enfim, aprender.

Alguns estudiosos dizem que levamos quatro ciclos de sete anos para rompermos, em definitivo, o cordão umbilical. A cada sete anos, uma nova emancipação e, aos 28 anos, a liberação final. A começar desse momento, estamos lado a lado de nossos pais, e não mais sob seu comando. Digo isso, claro, em circunstâncias gerais, normais, deixando de lado os casos em que inversões acontecem, ou que pais e filhos se apegam aos seus papeis e mantêm o laço por longos anos a fio.

Quando conseguimos, finalmente, compreender a irmandade humana, e encaixar nossos pais nessa turma, ocorre alquimia das mais interessantes. As expectativas caem por terra e, junto com elas, todas as frustrações, os desagrados, os abandonos, os medos, as projeções infundadas. Vamos além: aceitamos as impossibilidades dos pais e suas falhas. Entendemos que fizeram o que deram conta. Enxergá-los como aprendizes nesse planeta, tais como somos, é liberação altamente capacitante, uma vez que nos coloca no nosso lugar de poder.

Como diz o livro, essa compreensão é para poucos. Afinal, muitas vezes é mais fácil, mais cômodo deixar nossas vidas, responsabilidades e pesos das decisões nas mãos dos outros. Ainda mais quando temos à nossa disposição, a justificativa prá-lá-de-batida de serem poderes de propriedade dos nossos pais, aqueles que nos deram a vida e a quem devemos tanto.

Devemos sim, claro: muita gratidão, respeito e reconhecimento. Nada mais! O poder de fazer nossa vida, de escrever as páginas do nosso livro deve ser só nosso a certa altura da existência. Isso só faz bem. Não é uma perda, nem de um lado nem de outro. Mas, antes, um processo de aprendizado e amadurecimento absolutamente necessário para os filhos. E um movimento de liberação e leveza para os pais. Um processo, por assim dizer, muito belo e curativo.

Daniela Guima, mulher, jornalista, casada com Máximo há 10 anos, mãe de Rafaela e dos gêmeos Noah e Theo. Filha de Elce e Albano, a quem deseja liberar de suas expectativas ditatoriais mais do que nunca, procurando reconhecê-los atualmente como seus irmãos, que têm suas histórias, desafios e limitações próprias, e que não lhe devem mais nada. Sem jamais esquecer, é claro, toda a gratidão que sente por eles terem lhe dado a vida, e sido seus tutores nos primeiros anos de sua existência na Terra.






Solitude, de novo


Nesse momento em que me sinto sem base
Só e no papel da plena vítima
Lambendo o chão das minhas quedas
Cega para a luz que Eu Sou, que me rodeia
O que me salva? O que me norteia?
Solitude
Somente ela me coloca no centro de novo
É como retorno para meu lugar
Depois de longo passeio por tudo aquilo que não sou
Distraída por tantos estímulos externos
Tantos chamados, tanta tensa-ocupação
Vem solitude, me guiar pra dentro de mim

Sem pai nem mãe
Com medo, à deriva
Só você, solitude, me encontra de novo
Essa música dá voz a tudo que sinto na minha alma nesse exato momento: necessidade plena e intensa de vivenciar a solitude.

SE EU QUISER FALAR COM DEUS(Gilberto Gil – 1980)

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar




Reflexão sobre o medo da morte:

“A vida na Terra é apenas uma gota de escuridão em comparação com a vida espiritual e nela a verdade raramente pode ser vista. É como um pintinho dentro do ovo que se orgulha de si mesmo, que se acha tão importante que se recusa a quebrar a casca e sair. Prefere morrer em sua escuridão. Há um medo tão grande de perder a individualidade que impede o homem de aceitar a verdade espiritual, mas, como o pintinho na casa do ovo, ele não se perderá ao caminhar para o mundo da luz.

O mundo hoje está cheio de pessoas que temem quebrar a casca de auto-importância, permanecendo, assim, prisioneiros em seu pequeno mundo. O medo de perder a personalidade está por trás disso e impede o crescimento, a obtenção do verdadeiro conhecimento. (...)

Exatamente como nos foram mostradas as razões da doença e ervas divinamente fornecidas para corrigir nossas falhas e curar nossos corpos, é necessário agora que aprendamos como mostrar às pessoas porque têm medo e o remédio que se encontra dentro delas mesmas capaz de sobrepujar o medo.

A doença física é uma coisa material; o medo é mental. A primeira pode ser tratada por meios físicos de ordem bastante superior (como florais, por exemplo). E, da mesma forma que as ervas têm um poder exaltador sobre o corpo e a mente, a cura seguinte prepara a mente para a união espiritual e o governo consciente da vida através da Divindade interior.

Essecialmente a origem da doença física está na avidez e a da doença mental está no medo. Estenão é o reino da fé, da esperança e da dúvida. É o Reino da CERTEZA. Tempo e espaço não têm qualquer importância”.

POR QUE ESSE TRECHO MEXEU COMIGO – Recentemente passei por uma situação extrema de risco de morte.  Não achava que tinha sido isso tudo até dois médicos diferentes terem dito que “escapei por pouco”. Isso aconteceu A MENOS DE 5 DIAS, UMA MEDICAÇÃO que me causou uma INFECÇÃO interna intensa. FIQUEI DESIDRATADA E 2 SEGUNDO. Sem mais detalhes sobre a lama e o drama do processo todo, isso mexeu muito comigo. Mas não de um jeito tão bacana assim. A única parte boa de tudo isso, foi a sensação enorme de gratidão por ter sobrevivido, ainda mais, cheia de vida, com TRES FILHOS MARACILHOSOS E UM ESPOSO QUE ME AMA.
De resto, eu fiquei muito, muito tensa. Com muito, muito medo. Cheia de minhocas na cabeça. Caí mesmo, tremia quando lembrava do hospital. Questionei a minha fé – que considerava super forte – mas que, na hora do vamos ver, compareceu ‘meia-bomba-total’... Até ler esse texto acima do amigo Bach, eu não tinha conseguido entender o que estava acontecendo comigo, com minhas emoções. Agora, essa chavinha virou, sabe? A ficha caiu e encaixou fundo em mim, e o motivo de escrever esse mega-texto é para me reorganizar e dar um novo sentido a esse processo todo.

Basicamente, no minuto antes de apagar geral, olhei pro médico e pensei: “Será que esse é o último rosto que vou ver? Será que vou acordar depois?”. E confrontei o fato de que a minha fé tinha caído por terra, acho que porque nunca me convenci realmente sobre existirem outras vidas ou não. Nunca descartei a crença em reencarnações, mas nunca consegui falar delas como uma verdade final.

Depois de encarar essa baixa na minha fé, me questionei: existe alguma verdade em que acredito 1000%, com todo o meu ser, naturalmente, plenamente, de forma orgânica e incontestável? Eu, que me via como um ser cheio de fé, descobri que verdadeiramente só creio em duas coisas! Isso foi, no mínimo, desconcertante!

A primeira é a crença na Unidade, no EU SOU, no Somos Um. Sempre acreditei nisso, e não é da boca para fora. Vivo isso diariamente. Sei que quando faço mal a alguém, estou, na verdade, fazendo mal para mim mesma. Quando dou uma força para alguém, sei que esse ato me abraça da mesma forma. Tenho certeza plena disso, não me pergunte por que. Sempre tive um senso de justiça muito grande, desde criança, e me identificava muito com as pessoas e suas histórias, como se fossem minhas, como se fôssemos uma pessoa só. É fato que tais identificações me trouxeram muitos problemas e, ainda bem, estão melhor significadas hoje em dia. Mais tarde, essa crença evoluiu para a tese da “lei do retorno”: o que quer que eu faça, volta rápido para mim. Aos 20 anos, tatuei nas costas o Ohm, que significa Unidade, o Somos Um, no meu ombro direito (foto abaixo). Hoje, aos 32, essa sensação é clara e límpida. E tive a grata felicidade de descobrir que Bach é do meu time e concorda comigo: em todos os seus escritos, ele refere-se firmemente e repetidamente à sua crença intensa na Unidade.


A segunda crença que tenho totalmente impregnada em mim é sobre o amor ensinado por Jesus Cristo. E olha que nem sei se Ele realmente existiu ou não. Sinto que sim, mas não fecho questão nisso. Porém, quando leio passagens sobre Ele e seus ensinamentos (seja na Bíblia ou no Livro de Urântia) sinto meu corpo todo reverberar em uníssono com todos aqueles conceitos. O amor proclamado por Ele, a sua história – seja real ou invenção – falam ao meu ser plenamente. Para mim, é inquestionável. É líquido e certo.

Ao ler esse trecho acima escrito pelo Dr. Bach, descobri, que para além de diversos temores menores que cercaram o momento de medo que senti (do tipo, “como vão ficar meu marido e minha filha?”, “não vou vê-la crescer”, entre vários outros pontos angustiantes), o medo fundamental, maior de todos, é justamente o de perder a minha individualidade, minha personalidade – em última instância, o meu ego que engloba todas as coisas dessa existência: quem sou eu, o que gosto de fazer, meus relacionamentos, meus apegos. Esse medo implica em ingressar novamente na Unidade (da qual nunca saí), mas em outro formato – ironicamente, senti medo de vivenciar uma das coisas que mais amo e admiro: justamente aquele conceito em que acredito na minha pele, de forma intensa, orgânica.

O pavor que permeou esse acontecimento na minha vida e que vinha se instalando no meu dia-a-dia, sorrateiramente desde então, foi trazido às claras: o medo que sinto de morrer é o medo de perder minha personalidade, meu ego e me integrar e entregar à Unidade, sem interessar o formato como isso acontece – seja em reencarnações, seja virando poerinha cósmica. O que vivemos agora é nada se comparado à realidade maior do Universo e da Unidade. A vida é aprendizado, o resto é apego, ego, ilusão. Pensar no formato como a passagem se dá me angustia muito mais. Ao invés de pensar se eu acordaria depois (embora isso seja super compreensível), quero acalentar meu coração vibrando nessa verdade de estar e continuar na Unidade, mesmo depois do corpo físico morrer. A crença na Unidade me acalenta. Pensar no formato como isso acontece, me perturba. Então, quero focar na essência dessa crença, e não nos seus desdobramentos... isso me trouxe, finalmente, paz. E uma alegria imensa de estar viva, experenciando e aprendendo nesse Planeta-Escola.

Valeu, Dr. Valeu, Vida, por essa nova chance!

Sobre como agir e alcançar a iluminação com naturalidade:

“Empenhe-se e não perca a oportunidade de aprender que você pode ser capaz de ajudar os outros, pois, após ter se empenhado e ficado atento ao mundo, nos momentos de silêncio de dentro de si mesmo virá a resposta para o seu problema.

Você só resolve suas dificuldades no mundo após estudar o que está ao seu redor e pensar calma e cuidadosamente, preparando-se para a iluminação que provém do interior. O conhecimento buscado por alguém para ajudar os outros dá em troca, por assim dizer, o direito a esse conhecimento e, enquanto estiver no mundo, você deve muito tranquilamente perseverar, buscar e empenhar-se sem descanso.

O conhecimento interior lhe chegará sem esforço em momentos inesperados de paz ou repouso ou quando a mente estiver voltada para outras coisas. ‘Buscai e acharás’”.

POR QUE ESSE TRECHO MEXEU COMIGO – Dentro da crença da Unidade, o serviço faz absoluto sentido. Quando faço por alguém, faço por mim, faço por nós, faço pelo Eu Sou. E isso cala fundo no meu coração.

Uma bênção esse texto!

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