minhas músicas

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

              

O mundo é um livro sem texto, criado a partir da palavra. Dizendo  faça-se a luz, a água, a terra, o caos se curou.  Livro sem texto onde me vejo elaborando orações, apaziguando as imensas emoções percebidas nesse mar de linhas e horizontes de eternas leituras. Desde o início em que me lembro, leio ininterruptamente suas páginas, recorrendo a todos os meus sentidos, acrescentando ainda o fantasiado, na tentativa de me acalentar frente a tão imenso mistério. E sobre esse remoto livro sem texto – invenção original primeira – busco atribuir significado a tudo que ultrapassa o meu pouco poder. Freqüentemente, incapaz de decifrar os enigmas, recorro aos imaginário, resgatando elementos para me proteger diante de tamanha intensidade. E só a palavra me inscreve.
Se me vejo criança, perto do nascimento,me sei mais assustado. Nascer foi receber, sem aviso prévio e de uma só vez, todo um livro onde o firmamento está ilustrado com estrela, sol, lua, vôos, caprichosamente equilibrados em via-láctea, constelações, caminho de São Tiago e os anjos. As terras, essas decoradas com árvores, frutos, estações, pedras e os homens. O fundo das águas povoado de corais, peixes, jardins, conchas e os narcisos. E se não fossem as palavras, aos poucos a mim presenteadas, eu teria sofrido da ansiedade que suponho ter vivido o primeiro homem ao se ver abandonado e obrigado a nomear cada coisa pela primeira vez, pois não existe pensamento sem palavra e refletir, para vencer no mundo, foi tarefa maior de Adão.

Assim, procurando adivinhar esse livro sem texto, eu escutava o conto de cada um, com o intuito de facilitar a minha leitura. Cada história me trazia novos entendimentos e outras lembranças. Elas clareavam meus jovens pressupostos, me revelavam o sentido que cada um imprimia a essa viagem.

LER É VIAJR NO TEMPO... 

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