Algumas vezes é preciso desprender-se do passado para que o futuro encontre espaço para se acomodar, nos livrarmos dos fardos, dos sofrimentos e daquilo que nos incomoda. Perdidos no zig-zag da vida, precisamos nos equilibrar e encontrar via reta e segura, onde possamos estabilizar os sonhos que construímos e os desejos que queremos ver crescer. Sigo me afastando…
Me
afastando do que me revolta, do que me injuria, do que me emputece. Vou
dar adeus à soberba e ao dedo em riste dos muito, que são tão pouco, mas
cruzaram meu caminho fazendo estragos. Quero longe de mim toda essa
insensibilidade e falta de percepção dos que podem realizar proezas, mas
por acomodação não fazem nada. Quero longe, e bem longe de mim, aquele
que ontem me aplaudiu e hoje, pelas minhas costas, tece uma teia podre e
maldita de mentiras a meu respeito.
Me
afastando de pessoas vazias; de quem menospreza os que sempre estiveram,
para engrandecer aqueles que chegaram ontem; de quem desvaloriza os
filhos em função dos amantes bandidos e sem identidade encontrados nas
sargetas escuras das vielas sujas, onde esgoto corre à céu aberto e
vidas são trocadas por orgasmos. A partir de hoje me recuso a olhar na
cara de quem enaltece as desgraças, sem reconhecer as bênçãos recebidas;
assim como de quem postula falsas bênçãos, tirando da crença um obsceno
proveito pessoal.
da atrocidade dos que cometem injustiças, e da perspicácia dos traidores. Não preciso de gente que não sabe ser gente! Não quero amigo ausente, não quero parente serpente. Preciso de gente do meu lado, de mãos dadas… Gente que vê o erro e fala; gente que erra e conserta; gente que perde a admite; gente que não troca gente por dinheiro ou possibilidades de tê-lo; preciso de gente que assuma ser gente e não só pedaço deteriorado de gente.
Me
afastando da pessoas vis, daqueles que chegam em nossa vida para sugar a
parte boa da essência e, uma vez saciados, partem sem ao menos
agradecer a dedicação a eles dispensada. Busco a dádiva do amor
verdadeiro, puro; do amor que me faz mais bonita por me fazer realizada;
do amor que me faz completa por me preencher os espaços vazios; do amor
que me faz encontrar minha mulherice esquecida e revirar os olhos de
satisfação.
Me
afastando da banalidade, da putaria, da subserviência, da anulação, da
falsa moral. Me cansei de gente que não entende o que eu falo, mas sorri
só pra me agradar; ou gente que deturpa, transformando minha opinião no
pior dos pecados. É opinião e é minha, mas se fosse pecado seria meu
também! Não quero um telefone tocando, sou mais um coração batendo; não
quero uma palavra, quando basta um olhar; não quero presunto, mas ‘o pão
nosso de cada dia, nos dai hoje’…
Me afastando do que me fez para buscar o que pode me fazer mais.
Pendurei um aviso lá na porta do meu coração: “Fui ser feliz. Não volto!”
A diferença, talvez a grande diferença, resida no fato de que eu
não faço média, não uso máscaras, não enalteço aquilo que é
desnecessário e não dou méritos a quem não os tem. Esse é meu pecado... E
minha salvação.
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